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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Filtro de Café Santa Clara

A Fabiana me enviou uma mensagem perguntando se o filtro Santa Clara é de papel e se o café é bom!

Aproveito para continuar a história:

Quando vi que o Santa Clara era o único filtro de papel naquelas prateleiras, decidi experimentar o café Santa Clara para valorizar a iniciativa e porque quero mais é que eles vendam bastante e consigam se manter no marcado. Já pensou… ficar sem filtro de papel!

Ao passar o café, eu não tinha expectativa nenhuma, então fui sendo suavemente supreendida pelo aroma que se espalhava pela cozinha. Retornei à casa de meus tios, no interior de São Paulo, onde eu passava férias. Lembrei-me do quanto me encantava o amor entre meus tios. Ele acordava bem cedinho e fazia o café. Quando ela acordava, a casa inteira cheirava a café. Foi assim que ficou minha casa: cheirosa a café. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Filtro de Café

Fui ao supermercado comprar filtro para fazer café. Olhei na prateleira e logo vi a marca que costumo comprar... em confiança. Nem li nada, fui pelas cores e pelo nome. Afinal tudo é planejado para fazermos exatamente isso, não é?

Quando cheguei em casa e tirei o filtro do pacote, senti que era diferente. Ops... Era igual a um que, certa vez comprei, inadvertidamente. Era de outra marca. E não era de papel. Naquela ocasião, quando fui ao supermercado, olhei a embalagem e vi, em um círculo, escrito: “Lavável 5x Reutilizável”. Ecológico. Como busco ser uma consumidora responsável, isso chamou minha atenção e comprei o tal filtro. Ao chegar em casa, constatei que era “ecológico” porque era de TNT (Sintético ou natural? Existe mesmo TNT de fibras naturais? Enviei mensagem para o fabricante de TNT e ainda não me responderam) e, por isso, reutilizável!!! Naquela época fiquei furiosa por ter sido tão enganada. Comprei um negócio pensando que era ecológico e era de plástico*. Muitos plásticos, segundo muitas pesquisas, liberam oxidantes cancerígenos quando submetidos a altas temperaturas. Chá de análogos de estrogênios. É isso que podemos estar tomando quando utilizamos esse tipo de material como filtro de café. Será o caso do TNT? Eu não sei. Pode ser que não. Ou pode ser que sim. Tanto faz, afinal, eu não preciso correr esse risco. Posso usar papel, que depois de usado e cheio de borra de café vira o melhor adubo para o meu quintal. E na embalagem do tal filtro de TNT, querem nos convencer de que isso economiza o corte de árvores!!! Como podem ter a coragem de dizer isso ao consumidor incauto? E logo àquele consumidor que quer ser bacana, honesto, que quer cuidar do planeta? Aquele tiquinho de papel, comparado ao papel da embalagem e de tudo o que a empresa usa de papel ao longo dos seus processos... Esse fabricante “ecológico” está realmente preocupado com as árvores que serão supostamente poupadas?

E sobre a suposta economia de corte de árvores?
Se quisermos ter papel no médio e longo prazo, temos que plantar florestas. E isso não é bom? Ou é melhor usar o plástico que vai demorar séculos para desaparecer na natureza, com suas micro-partículas boiando e se espalhando pelos mares e oceanos? Será que é melhor usarmos o plástico que prescinde a necessidades de florestas para, assim, não precisarmos mais nos preocupar em conservá-las e plantá-las? Será mesmo que é melhor substituirmos tudo por plástico e ficarmos independente das árvores?

Voltando ao início da nossa história...
Quando me dei conta de que esse filtro comprado agora era como aquele da primeira vez em que fui enganada, parei. Calma... Eu podia estar enganada. Procurei na embalagem o material de que era feito o filtro. Não havia. Isso mesmo, na embalagem não está escrito do que é feito o material pelo qual passará a água quente do nosso café! Vou pesquisar, mas acho que isso é ilegal. Fiquei furiosa por ter sido enganada novamente. E, dessa vez, por uma marca que eu tinha escolhido depois do primeiro episódio justamente na busca de filtros de papel. Calma... é melhor ter certeza do que é feito o filtro de papel e saber se é plástico mesmo. Tentei ligar no número de telefone que está na embalagem e ninguém atendeu.

Primeiro, pensei em processar. Depois pensei que seria perda de tempo e não deveria me envolver tanto com isso. Depois decidi comprar um filtro de papel, fazer um café e pensar com calma no que faria.
Voltei ao supermercado e fui às prateleiras dos filtros para fazer café. Pasmem... Havia uma única marca com filtros de papel. Todas as outras anunciavam em suas caixinhas as maravilhas de seus filtros ecológicos que podem ser usados até 5 vezes!

Dei-me conta, mais uma vez, de como o plástico está invadindo tudo. Estamos deixando que substituam tudo por plástico. Montanhas e montanhas de plástico. Toneladas, bilhões de toneladas!!!
Não será melhor para Mãe Terra se cobrirmos o Planeta de florestas produtivas e usar sua madeira, sua biomassa que acumula carbono, para as nossas necessidades humanas. Ela apodrece? Que ótimo! Teremos sempre que plantar mais e mais florestas. Porque queremos, supostamente, que as coisas durem para sempre?

Que engraçado, no argumento de que queremos que as coisas durem mais, ou para sempre, usamos o plástico em todos os lugares. Só que duram para sempre até quando não nos sirvam mais. Que paradoxo. Aí, ficarão “para sempre” por aí, poluindo terras, mares e oceanos. Ao mesmo tempo, usamos o plástico em todos os descartáveis porque não queremos que as coisas durem para sempre... queremos as facilidades e a rapidez, queremos economizar tempo e não precisar mais lavar a louça.

Isso me lembra outra estória, de um casal de amigos que queria que eu julgasse um caso:

- ela quer jogar fora o colar que lhe dei.
- o colar é de sementes e está desmanchando.

Já que me pediram, dei meu veredicto:
- Mas que bom, assim as sementes em apodrecimento (desde que a pintura seja feita com pigmentos e resinas naturais) adubam a terra, fecham seu ciclo e você poderá presenteá-la com um novo colar...
Que surjam e se multipliquem os negócios realmente sustentáveis, os negócios realmente ecológicos!

* uso, aqui, o termo "plástico"como tudo o que é sintético feito a partir de derivado de petróleo. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Quem Floresce Hoje em Abaetetuba?

Ao molhar as plantas hoje de manhã, dei de cara com um jardim em flor! Quem floresce hoje em Abaetetuba, meu quintal agroflorestal cheio de gente boa? Vejam só:















terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cocô de Passarinho


Um dos participantes da minha última oficina de Jardinagem Agroflorestal compartilhou conosco sua indignação com o corte sistemático das árvores da Asa Sul. O motivo dos cortes? As folhas que sujam o chão (!) e os cocôs de passarinho que caem sobre os carros!

Noooossa!!!
Que sociedade é essa em que a pintura de um carro vale mais do que uma espécie de passarinho? Em que um objeto vale mais do que a vida? Em que prefere-se que o carro queime ao sol do que correr o risco dos passarinhos sujarem-no com seu infame cocô dispersor de sementes? Será que tem-se consciência de que sem as árvores os passarinhos desaparecerão (ou, pelo menos, a maior parte deles espécies)? Será que é um desejo consciente de eliminar os passarinhos de nossa vida humana?

Lembrei-me de outra estória. Fui a uma funilaria certa vez e vi que havia muitos carros. Perguntei: “Muito serviço, né? Muitos acidentes?”. E o funileiro me respondeu: “Não... a maior parte está aqui para fazer a pintura do teto. Estou nisso há 30 anos e nunca vi a pintura queimar tanto com o sol. Ou a pintura é mais vagabunda ou o sol está mais forte.”

Quanta gratidão devemos ter àqueles que, de forma visionária, plantaram tantas árvores no Plano Piloto que, graças a isso, é uma das áreas urbanas mais arborizadas do Brasil! Mas daqui para a frente, corremos o risco de não fazer o mesmo para os que virão depois de nós. As árvores adultas estão sendo cortadas sistematicamente e não há árvores novas para repor as que se vão. Ao mesmo tempo (e por causa disso), o sol está cada vez mais escaldante...

A solução apontada pela sociedade da tecnologia? Construir cada vez mais prédios altamente climatizados onde estacionaremos nosso carro em conforto e segurança.

Estamos exatamente em um desses momentos em que o livre-arbítrio nos permite escolher destinos: um mundo de concreto e cimento armado, aço e vidro, hermeticamente fechado contra o calor lá de fora e onde viveremos (o ser humano) sem o incômodo de nenhuma outra espécie a nos chatear ou ameaçar. A outra opção? É a de aceitarmos agradecidos de que não somos a única espécie nesse planeta lindo e que a boa convivência entre nós e as outras depende de as aceitarmos em nossas vidas, em nosso cotidiano. É a de repensarmos o que realmente é importante, de darmos valor ao que tem valor. Para isso, talvez precisemos nos acostumar com os cocôs dos pássaros, com as folhas adubando o solo, com insetos e pequenos seres decompondo a serapilheira do nosso jardim, com bichos diversos visitando a nossa horta e o nosso pomar.  Quem sabe até possamos passar a desejar essa visita e a nos alegrar por não vivermos sozinhos sobre a Mãe Terra.  

domingo, 4 de setembro de 2011

A Segunda Oficina de Jardinagem Agroflorestal

Foi pura magia... e muito aprendizado para todos nós. A incrível diversidade de pessoas que vieram trouxe uma riqueza inestimável ao nosso final de semana encantado. Fiquei feliz em ouvir que alguns perderam o medo de arriscar, de tentar, de plantar. Mais feliz ainda quando uma das participantes me disse que já começou a planejar as mudanças que fará em seu jardim. Parece que até salvei um casamento porque agora ela passou a compreendê-lo um pouco mais (ele já é um iniciado em Agrofloresta!). Grata a vocês, que vieram e fizeram possível a Oficina acontecer.

Participantes põe a mão na massa...

... para plantarmos um canteiro circular.

Pena que alguns já tinha ido embora... mas deu para registrar a felicidade do canteiro concluído!